(A vida Humana é tão frágil e efémera.
Valorizamos inúmeras trivialidades.
Esquecemo-nos de amar verdadeiramente.)

E se te dissessem que parti de vez?
O que pensarias?
Que sentimentos experimentarias?
O que farias se acordasses todas as manhãs e vislumbrasses o vazio do nosso quarto, da nossa cama?
Já pensaste (em algum momento da tua vida) como reagirias se fosses impedido de me tocar?
De me beijar e desejar?
De inalar a minha fragrância tão única e singular?
E  se não te fosse permitido falar e desabafar comigo nas piores situações?
Como seria?
Partilharias todos os teus sonhos e segredos mais íntimos com outro alguém?
Se eu cá não estivesse, como viverias?
Com quem dividirias a felicidade, o primeiro ordenado, a última pastilha do pacote, o café matinal, a  sweat XXL e os beijos violentos e prolongados?
Como encararias a minha ausência total, as noites solitárias e as rotinas melancólicas?
Como te sentirias ao saberes que parti?
Será que as saudades disparariam no teu peito?
Ou será que tudo isto te passaria ao lado?
Meu amor....?
Deixar-me-ias eternamente viva e bem acesa em ti?

Como?
Como seguir sem aquele ''alguém'' que te acompanhava em todos os teus sonhos e devaneios?
Como viver sem aquele abraço, sem aquele beijo inigualável?
Como sentir tantos outros carinhos e afectos?
Como despir a alma e o escudo?
Como andar?
Como respirar?
Como viver sem o que nos faz viver?
Como sentir sem o que nos faz sentir?
Como?

Ser constantemente inconstante.
Afinal, o que é a vida sem uma boa dose de inconstância?
Sentir tudo e nada sentir, simultaneamente.
Querer sair mas no segundo a seguir só desejar ficar.
Abraçar e beijar, afastar e distanciar.
Sonhar esquecer enquanto relembro.
O equilíbrio saboreava-o em ti. Em nós.
No entanto, cá estou eu de novo.
Singularmente inconstante.

Sente a vida pois não há ninguém que a possa sentir por ti.
Ama, grita, corre, bebe, cai, levanta-te, dança, namora, beija, abraça...
Só não desistas.
Não desistas dos teus sonhos e das vitórias que ainda estão por alcançar.
Não desistas de ti. Por favor.
Que essa tua força de viver nunca cesse.
Que vivas por ti e não por alguém.
Ninguém merece a nossa vida.
Tu existes para viver.
Não vivas somente para existir.

Mais uma noite sem ti.
É só mais uma para coleccionar a tantas outras em que me abandonaste.
Sim, abandonaste-me.
Desististe dos nossos sonhos e da tua almofada paralela à minha.
Desististe da desarrumação da minha mente.
Preferiste ir. E foste.
Dizem que o tempo cura tudo. Merda.
Devo ser excepção à regra, só pode.
A vida passou por nós e nada.
A tua ausência continua a corroer-me por dentro tal como no primeiro dia em que te foste.
E dói tanto.
Sabes? Não te quero ter. Quero-te viver.
Quero que sejas livre comigo. Que voltes para mim no teu auge da tristeza ou da felicidade.
Deus queira que me encontres.
O tempo cura tudo?
Não.
O tempo ajuda a aceitar a perda.
E aceitei, aceitei que nos perdi.